terça-feira, 9 de setembro de 2014

MAGÉ - 449 anos de História - Por Benedito José

 Este histórico é  dedicado aos filhos de Magé, os que já se foram, aos atuais e aos pósteros, especialmente as memórias inesquecíveis dos meus amigos:  Professor Pedro Fernando Silveira, Jornalista Plácido Agra Neto e Reinaldo José Ferreira.

Data dos primeiros tempos coloniais do Brasil o desbravamento da Região, atualmente sob a jurisdição do Município de Magé. Em 1565, Simão da Mota edificou nestas placas, sua moradia, localizada no Morro da Piedade, próximo do qual, ainda existe o Porto de mesmo nome, à poucos quilômetros do lugar onde se encontra situada, atualmente , a sede municipal.
Não se sabe ao certo quais motivos teriam levado Simão da Mota àquelas paragens, então inóspitas, habitadas por tribo selvagem. Porém, tudo leva-nos a crer que tivesse ele recebido a doação de sesmaria ( terreno inculto, abandonado ) naquelas paragens, e que tivesse então,se aventurado a explorá-la. Parece-nos mais aceitável a versão de que o amanho da terra fosse o seu objetivo principal, de vez que, ao chegar trouxera consigo além de outros portugueses e muitos escravos, entretanto pouco tempo demorou Simão da Mota nas proximidades do Morro da Piedade, alguns nos depois transferiu-se com os seus para a localidade denominada Magepe-Mirim, de onde se originou atual cidade de Magé. 
No início do devassamento da região, a mesma era habitada pelos índios da tribo dos Timbiras, dos quais não restam sequer vestígios na localidade.
Os alfarrábios e mapas nos ensinam que em 18 de janeiro de 1696, a povoação recebeu o predicamento de Freguesia, apesar  da Igreja Matriz só ter sido construída em 1747.

Por volta do ano de 1643, surgiu próximo da localidade uma outra, a  Nossa Senhora da Guia de Pacobaíba, e finalmente Guia de Pacobaíba, reconhecia como Freguesia no dia 14 de dezembro de 1755, é elevada à categoria de Distrito por decretos de 08 de maio e 3 de junho de 1892.
Graças aos esforços dos colonizadores e a fertilidade do solo, as duas localidades, Magepe-Mirim e Guia de Pacobaíba gozaram no período colonial de uma situação invejável.
Tanto numa como noutra, o elemento negro, introduzido em grande número, muito contribuiu para o desenvolvimento da agricultura e consequente elevação do nível econômico de ambas as localidades.
Nos anos 70, ainda residia em Mauá um velho neto de escravos em uma pequena palhoça de sapé junto a  Mata do Retiro, quando o município de Magé participou do programa de cidade  contra cidade, na televisão, o nosso amigo Arthur Pinheiro, ilustra filho de Mauá, levou-o para as falas das suas façanhas de reprodutor das senzalas aberratórias vdo período escravo...seu nome, João Guaraciaba, eu o conheci.

Em 09 de junho de 1789, Magé encontrava-se a tal  ponto adiantada que o Governo resolveu conferir-lhe o predicamento de Vila, tendo-se a sua instalação verificada no dia 12 de junho do mesmo ano. O território de Magé foi constituído com terras desmembradas do município de Santa Cachoeiras de Macacu  e da cidade do Rio de Janeiro, inclusive as ilhas do pequeno arquipélago de Paquetá, que Magé perdeu 68 anos depois em 02 de outubro de 1857, novamente foi elevada à categoria de localidade, sendo-lhe atribuídos Foros de Cidade.
Fonte: Mapas dos Municípios do Rio de Janeiro ( referentes à Magé ) e as enciclopédias dos Municípios Brasileiros.
Para que se avalie  a importância do município durante o segundo império, é suficiente na analogia assimiladora, observar que em suas terras,foi construída a primeira estrada de ferro da América do Sul, Inaugurada no dia 30 de Abril de 1854.
                                                                     Abril de 1854
                                                       Abril de 2004 - 150 anos  depois

                                                                    Tempos Atuais
Esta estrada, que se denominou Mauá e depois estrada de ferro príncipe Grão – Pará, ligava Guia de Pacobaíba à fragoso e tinha uma extensão de 14.500 metros. A primeira máquina chamada “ Baronesa” encontra-se ainda hoje no Museu Histórico Ferroviário no Engenho de Dentro no Rio de Janeiro...é conservada como relíquia histórica.
A primeira estação ferroviária foi dado o nome de “Mauá” , que em língua indígena , significa   “ cousa elevada”.
Com o advento da Lei Áurea, à  exemplo do que sucedeu, em todas as zonas agrícolas do País, o município de Magé sofreu violento colapso, de que até poucas décadas se ressentia a sua economia. Outro fator que também influiu no declínio de Magé, por longo período, foi a insalubridade periódica do seu clima e de suas terras, motivada pela obstrução de rios e canais, o que só nas décadas dos anos 20 à 60 mereceu uma atenção mais objetiva por parte das autoridades municipais, estaduais e federais.
Quanto à  localização : São coordenadas geográficas da sede minicipal as seguintes ; 22° 39’ 22” de latitude Sul e  43° 02’ 18” de longitude W.GR. Distância em linha reta da Capital do Estado ( que era Niterói ) é de 27 km Rumo em relação a escala N.N.E.  – A sede municipal está situada às margens do  Rio Magé.
Altitude : 431 m
Área : 626 km²
População : em 1950, a população era de 36.761 habitantes, sendo 19.002 homens e 17.759 mulheres ( fonte do arquivo do recenseamento geral, governo Eurico Gaspar ). Onde 50%  desta população residiam e trabalhavam na zona rural.Hoje a população do município está estimada em 227.322 mil habitantes.
Nos distritos de Guapimirim, Guia de Pacobaíba, Piabetá,Santo Aleixo e Suruí, o número de habitantes era diferenciado, sendo que,  em  Piabetá era o Distrito que mais aproximava-se de Magé, com 56 pessoas à menos .  Mauá,  era o Distrito menos povoado naquela época, com apenas 1.233 habitantes. Porém, devido ao constante número de pessoas que adquiriram terrenos em Magé, consequentemente mudaram-se para o município ,concluindo que por volta de 1955 a sua população estimava-se em torno de 38.000 à 41.000 habitantes.
Clima: Possui bom clima na região montanhosa, em contraposição ao das planícies, onde é quente e úmido
Atividade econômica : Excluídas as atividades domésticas e inativas das pessoas acima doa 10 anos, 56% das pessoas estavam ocupadas na indústria e 17%  na agricultura,  pecuária e silvicultura.
Tais digressões dão uma idéia da atividade predominante neste âmbito..A indústria têxtil era a de maior expressão, a produção atingia altos valores no mercado .seguia-se , em importância, a indústria extrativa ( areia, lenha,argila,caulim...)
Eu recomendo aos leitores o livro " Nota para a História de Magé" do autor José Inaldo alves alonso, onde todos encontrarão dados historiográficos de altíssimos valores, notáveis demonstratividades e altivo critério qualitativo .José Inaldo, nasceu em Mauá, um dos mais ilustres filhos de Magé.

"Fluminense de Guia de Pacobaíba, Magé, José Inaldo Alonso foi eleito pelo Grupo Mônaco de Cultura como “Intelectual do Ano 2009. A entrega do título será feita no final do ano. Mas antes disso ele fará o lançamento de seu último livro, que vem encorpar ainda mais a bela obra poética deste autor de 80 anos. O luar de meus andados, que será lançado sábado, das 10 às 12 hs, no Calçadão da Cultura da Livraria Ideal (Rua Visconde de Itaboraí, 222, Centro, Niterói – RJ) é o terceiro livro do autor publicado pela Nitpress (já haviam saído pelo mesmo selo Croniquário da Água Escondida e Águas de Outono, ambos em 2008. Oleiro de Vento (1967), Ilha do Sido (1976), Araribóia em notícia (1976), Stella, luar de meus andados (1987) e Notas para a História de Magé (2000) completam a bibliografia do poeta-historiador, membro das Academias Fluminense de Letras e Mageense de Letras e também dos Institutos Históricos de Niterói e da Campanha (MG)."
Extraído do  blog :  http://nitpress.com.br/


Desde a sua ocupação pelos civilizadores, o município de Magé, tornou-se um polo de grã de produtividade, a sua produção agrária, sempre abundante, foi um dos principais sustentáculos da sua gente. No recenseamento de 1956, mostrou a quão valorosa foi a produção agrícola, extrativista e industrial.
Meios de Transportes
Magé há algumas décadas passadas teve um serviço de transporte superior ao atual. Nos anos 40 4 50 era este o quadro funcional de transporte de Magé : O município era servido pela Estrada de Ferro Leopoldina e Central do Brasil, ( que foi sucessora da Estrada de Ferro Teresópolis ). Existiam as seguintes paradas, estações e postos telegráficos no território mageense: Da  Estrada de Ferro  Leopoldina, o ramal Barão de Mauá, Vitória , as de Bongaba ( posto de Telégrafo ), Santa Dalila ( parada ), Suruí ( estação ),Santa Guilhermina ( parada ), Magé ( estação ) ,Sernambetiba ( posto de Telégrafo ),o ramal de Caratinga, o de Vila Inhomirim ( estação ),o ramal de Guia de Pacobaíba em Mauá.
Na Estrada de Ferro Central do Brasil, o ramal de Teresópolis, Jororó ( parada ), Citrolândia ( parada), Engenheiro Lins de Vasconcelos ( parada ), Guapimirim ( estação ) e Miudinho ( parada), Cortavam o município de  mageense até o final da década de 60...sendo 166,5 km de rodovias, onde 52 km de administração da União ;  outros 30,5 km do governo estadual, 81km do governo municipal e 3,5km de propriedade particular...todos ligando várias localidades. Hoje esse quadro é muito diferente. Um fato  bem interessante é que foi em Magé que foi construída a primeira Estrada de Ferro da américa do Sul, que denominoo-se Mauá e depois, o Príncipe Grão-Pará, que funcionou até os anos 60, na altura já propriedade da estrada de Ferro Leopoldina.
O município, nas décadas de 50 e 60, era servido por três linhas interdistritais e uma intermunicipal, a viação Itambi LTDA e Auto Luxor LTDA.
Riquezas Naturais 

Nessas terras existiam grandes jazidas de Caulim em exploração, fontes de água mineral, e até hoje ainda temos em abundância. Possuía exuberante quantidade de madeira de lei de diversas espécies e  a pesca artesanal sempre foi atividade constante.
Em outros aspectos, o município possui uma variedade topográfica muito atrativa, há muitos pequenos cursos d’água, cachoeiras diversas, algumas com seu potencial hidráulico em aproveitamento. Destacamos a nascente da Fazenda do Rio da Pedras Pretas, de propriedade do senhor Turano, homem  honrado de saudosa memória, que tive a felicidade de ser seu amigo.



O Pôr do sol visto do pier de Praia de Mauá


A Natureza contribui também com uma de suas mais exuberantes manifestações artísticas, o Pico do Dedo de Deus, com seus 1800 metros de altura, situado na Serra dos Orgãos, constituindo  assim numa das mais belas atrações turísticas do Estado. 
Nota: O Dedo de Deus está situado no ex 3° distrito de Guapimirim, que atualmente é um município emancipado de Magé desde 1990.






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Praia de Mauá

Praia de Mauá